António Arroyo visitava frequentemente um ferro-velho judeu. Um dia, perguntou-lhe “se ele conseguia vender a pôtrea infecta d’uns relógios gothicos de que havia muitos exemplares na loja.
- Não, respondeu. Cá só vendi três. Em Londres, vendi centos d’eles.
E, depois d’uma equena pausa, e como que sonhando, acrescentou:
- Os portuguezes dão muito á lingua. Os ingleses são uma gente muito altiva, não falam uns com os outros, de maneira que é fácil intrujá-los. Cá não é possível. Vocês vão logo contar o que lhes acontece!...”
(In Arroyo, A. (1909). O canto coral e a sua função social, Coimbra: França Amado, Editor pp. 13-14)